Um dos maiores desafios na vida de um síndico é lidar com perfis de condôminos difíceis. Quando pensamos em uma pessoa difícil, que faz parte de nossas relações afetivas ou sociais, temos a alternativa de nos afastarmos da pessoa, mas quando é no exercício da função de síndico esta opção não é viável. Temos que desenvolver habilidades para manejar a situação da melhor forma possível e buscar alternativas para a solução do problema, que pode atingir a coletividade (e a pressão de todos para um posicionamento do síndico é grande) ou apenas a figura do síndico (quando a “pessoa difícil” persegue, confronta, incomoda de certa forma a pessoa do síndico). Portanto, lidar com perfis difíceis na vida do síndico é um grande desafio, é inevitável e, não é à toa que são denominadas “pessoas difíceis”, pois não é fácil.
Dentre alguns perfis difíceis que fazem parte da vida condominial temos: O Cri cri , O Encrenqueiro, O Fofoqueiro O Agressivo, O Do Contra, O Espaçoso. Para alguns falta consciência, outros tolerância, empatia e para outros ainda educação mesmo. O fato é que lidamos com pessoas dos mais diferentes perfis e a habilidade de se relacionar e manejar tais situações é fundamental para um Síndico.
Quando percebemos e compreendemos que não podemos controlar o comportamento do outro e, sim, apenas controlamos o nosso comportamento, temos a consciência que são nossas atitudes é que ajudarão ou não na busca pela solução dos problemas. Então...
Vamos lá! Inspira, Respira e Não pira!
É preciso enfrentar a situação. E a melhor alternativa, num primeiro momento, não são as notificações e nem as multas, devemos buscar o diálogo e uma comunicação autêntica.
Para isto é necessário Inteligência Emocional, para reconhecer seus limites e gerenciar suas emoções (afinal, síndico também sente) e saber lidar com a emoção do outro; Resiliência para encarar e superar as dificuldades, perceber alternativas e aprender com cada situação vivida e ser Assertivo, saber colocar os limites, de forma clara, objetiva, sem agredir ou humilhar.
Muitas vezes por dificuldades de enfrentar a situação, o síndico acaba tomando uma posição passiva e omissa, não buscando resolver o problema. Ou por vezes, na ânsia de resolver e não deixar por isto, acaba tomando atitudes agressivas. Em ambas as situações, não agindo com Assertividade.
Comunicando-se com uma pessoa difícil de forma Assertiva:
• Entenda o outro - identifique a necessidade do outro e mostre que você o compreende na sua necessidade e entenda que a pessoa possa estar enfrentando problemas, utilize de empatia;
• Apresente fatos e situações pontuais;
• Exponha o seu sentimento, sua percepção, não julgue o comportamento, nem acuse. Isto gera ofensa e dificulta qualquer tipo de comunicação. Respeite;
• Expresse-se verdadeiramente, de forma transparente, expondo seus pensamentos, sentimentos e percepções a respeito do problema vivenciado (eu penso, eu sinto, eu acredito);
• Proponha alternativas, negocie.
Questões práticas para o Síndico:
• Antes: Faça e peça registros (queixas – de vizinhos ou do próprio, se for o caso);
• Prepare-se para a conversa, esteja seguro e mantenha-se equilibrado;
• Tenha em mente qual o objetivo da conversa;
• Exponha de forma clara (situação, percepções, sentimentos, consequências);
• Evite justificar-se, desculpar-se ou ser reativo;
• Caso ela se altere, não entre na frequência dela – mantenha o equilíbrio e a razão, não aja pela emoção;
• As pessoas mais difíceis, são as mais frágeis (tente compreender a fragilidade dela – motivos - empatia);
• Encerre a conversa assim que perceber que algo pode sair do controle ou quando o interlocutor se mostrar irredutível e retome em outro momento;
• Fale sempre na presença de outra pessoa (subsíndico, conselheiro)
Todas estas habilidade requerem treino, é preciso aprender a se comunicar de forma autentica e assertiva para uma boa atuação do síndico. Ao final de cada situação que se propor a enfrentar, o síndico acaba percebendo que cada vez mais ele fica melhor em lidar com estas situações, por mais difíceis que pareçam.
Ariane Padilha
Psicóloga/Síndica Profissional e Consultora da Fator G Condomínios
Artigo publicado no Jornal ClickSíndico edição junho/2018
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